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Educação Emocional

"...As emoções podem ser grandes aliadas para percebermos quem somos, o que queremos, como percebemos o mundo ao nosso redor..."

Publicado em 10/03/2020 às 21:23
Atualizado em

Luciana Calazans (Foto: Arquivo Pessoal )

As emoções são quase um tabu. Somos convidados a racionalizar e aprendemos desde pequenos que há uma soberania da razão sobre a emoção. Razão e emoção são complementares, formam um todo, não são excludentes e nem competem entre si. 

As emoções podem ser grandes aliadas para percebermos quem somos, o que queremos, como percebemos o mundo ao nosso redor, como somos afetados por isto ou aquilo, o que nos faz bem e o que nos faz mal. As tratamos como vilãs. Aprendemos a separá-las em boas e más, permitidas e proibidas. Crescemos engolindo o choro e a raiva, porque fazem parte do proibido. E nos cobrando alegria permanente. Como resultado, temos pessoas deprimidas porque não estão felizes todo o tempo – fala a verdade, quem está? Temos pessoas explodindo e agindo agressivamente, sem nenhum controle, metendo os pés pelas mãos, quando a raiva não cabe mais em si e tem que achar um meio de sair e se expressar.  

 Ao negarmos nossas emoções, abrimos mão de vivenciá-las, de nos sentirmos vivos, de aprender com elas. Acolhê-las é o primeiro passo da alfabetização emocional. Acolher é reconhecer, é dar lugar a cada uma delas na nossa vida. É um processo de reconhecimento de si – num estado contemplativo e não de julgamento. É o caminho para aprender a gerenciar as emoções. Negá-las é a forma mais direta de perder o controle sobre elas.

Ter raiva não é feio, é natural. Quando reconheço minha raiva e o que a despertou, posso escolher como lidar com ela. Posso criar estratégias para lidar com isso. Quando a nego, ela conduz sorrateiramente minhas ações por baixo do pano – inconscientemente. Me torno refém da minha raiva.

A grande armadilha é que, nós pais , só conseguiremos dar suporte às nossas crianças para desenvolverem a famosa inteligência emocional, tão desejada hoje em dia, quando nós mesmos pudermos acolher as nossas.

Seguimos mandando engolir o choro? Abraçar o irmão no momento da raiva? Como você adulto se sentiria se tivesse que fazer isso, ou como se sente quando faz?

Dar espaço para que nossos filhos vivenciem as próprias emoções, estar presente sem julgamento, é uma abertura sem tamanho na relação com eles – um ganho afetivo e também na estrutura emocional deles. Dá a segurança de poderem ser eles mesmos e de poder contar conosco para descobrir a melhor forma de “o que fazer com isso”. 

Como? Comece por você: se olhe, se perceba, se reconheça, se aceite. É preciso se conectar consigo para poder se conectar com seu filho.

Como pais, mais do que nunca, é preciso se permitir mudar, de postura, de opinião, de casa, de programas, de sonhos, de tudo. É preciso se redescobrir. Na presença e na conexão vamos tendo as respostas do caminho a seguir e, às vezes, do passo da vez. É desafiador, mas pode ser uma grande aventura a trilhar com eles!


Luciana Calazans é mulher, mãe, Psicoterapeuta Biodinâmica e Coach em Desenvolvimento de Mulheres



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