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13 de Maio

Gritos abafados no passado e no presente

" A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar " (Luther King)

Publicado em 12/05/2021 às 22:07
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O dia 13 de maio de 1888 ficou conhecido nacionalmente como o dia da ‘abolição da escravatura’. Com os relatos propagados e correntes ideológicas da época, assim como, aprendemos na escola, a bondosa princesa Isabel assinou a lei da ‘abolição’. Todavia, se recorrermos aos acontecimentos históricos e sociológicos, percebemos que o nosso país vinha sofrendo pressões políticas, econômicas e sociais por países como a Inglaterra que passava pela implantação e implementação da mão de obra industrializada, movida pela Revolução Industrial.

O movimento socialmente construído de luta pelos nossos antepassados para ter direitos, que já eram garantidos como sujeito que gozam de sua liberdade, que, infelizmente, não fora respeitado pela burguesia. Esse processo histórico e sociológico, o qual fora construído por uma minoria em busca da garantia de direitos por educação, liberdade de opinião, política, econômica e social, é uma conquista que precisamos lembrar, não somente uma ou duas vezes por ano e, sim, servir-se de reflexão nas escolas e nas aulas de qualquer disciplina do currículo.

A falta de humanidade percebida no sujeito fragmentado do mundo pós-moderno, retrata o indivíduo que em meio à volatilidade de suas relações é incapaz de perceber o outro; é também incapaz de se dar conta de que no mundo atual existe espaço para formas de escravidão que vão além da exigência física e do subjugo moral. Poderíamos, então, pensar na escravidão voluntária e inconsciente, que o próprio indivíduo em busca de uma ilusória posição social ou ampliação de suas possibilidades de consumo, torna-se escravo de seus próprios desejos, abrindo mão de sua dignidade; esse escravo vive em função do consumo e a ele mesmo se entrega.

Diante desse contexto, é preciso romper os paradigmas e conceitos deixados por essa terrível memória e história do passado em nossa cultura. E, enfatizar, destacar e enobrecer a luta dos africanos em nosso País, que contribuíram para construção e constroem a nossa cultura, assim como no desenvolvimento econômico com sua mão de obra. Sempre teremos uma dívida que nunca conseguiremos pagar por tal doação e por tantas vidas perdidas em luta pela equidade de direitos.

Que a Educação em nosso país possa de fato ser considerada como o único caminho para a mudança efetiva e para a superação dessa triste história que nos assombra. Por isso, faz se necessário que reflitamos acerca da ‘escravatura’ e discutamos nas universidades e nas escolas sobre política públicas voltadas às minorias, porque são esses sujeitos que mais sofrem com a supressão de seus direitos. 


Claudio Neves Lopes, mestre em Educação, doutorando em Educação pela Universidade Nacional de Rosário (Argentina), especialista em Educação Especial e Transtorno do Espectro Autista pela Universidade Cruzeiro do Sul, professor da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, professor da UNIVIR/FASUPI e professor de cursos de pós-graduação na área da Educação, autor de livro, escritor de artigos científicos para revistas especializadas e diretor-executivo da Revista Científica Educação.


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