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Joice Hasselmann, Registro e a máfia da morte

*...Quantas inverdades cabem numa declaração de cerca de 1 minuto, veiculada em rede nacional... *

Publicado em 01/05/2020 às 02:56
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Fomos surpreendidos por uma declaração preconceituosa, desrespeitosa e grave feita pela Deputada Federal Joice Hasselmann envolvendo nossa cidade, profissionais de saúde e a mim numa entrevista à CNN Brasil, no dia 27 de abril.

Ao se referir a Registro como uma das cidades “mais pobres do estado”, a deputada demonstrou desconhecer totalmente nossa realidade e mais, deixou escapar seu desprezo pela nossa história e pelas pessoas que aqui vivem.

Ao proferir mais uma mentira como sendo a “pura verdade”, a deputada contradiz, por ignorância ou maldade, a informação de que Registro ocupa na verdade o 199º lugar dentre os 645 municípios do Estado no ranking de IDH. Se comparado ao PIB per capita, ocupamos o 179º lugar no estado. Bem longe do estigma que ela atribui à nossa cidade.

Construímos um Polo de educação, com universidades públicas (Unesp e Instituto Federal), Senac, Sesi e Senai, além de instituições privadas de ensino, que se tornou referência para nossa região do Vale do Ribeiro, gerando e distribuindo a riqueza do conhecimento.

Essa senhora desrespeita a todos nós, com a sua ignorância e menosprezo pelo nosso município e região, que é uma das mais belas do Estado, além de uma biodiversidade riquíssima.

E as declarações além de desrespeitosas, preconceituosas e graves avançam ainda mais para o campo das inverdades, sem nenhum pudor. 

A deputada faz ainda uma denúncia gravíssima ao afirmar a existência de uma “máfia da morte” no sistema de saúde da nossa região. Assustador! Uma falta de respeito aos tantos profissionais de saúde que trabalham por uma saúde de qualidade em nossa região. Profissionais estes que, muitas vezes lidando com uma estrutura de trabalho precária, demonstram competência. Muitos destes está há décadas no processo de cuidado de saúde na nossa região. Uma falta de respeito sem tamanho! 

Entretanto, resta a deputada informar que providências tomou ou está tomando diante “máfia da morte” que afirmou existir na nossa região. Este é seu dever como parlamentar!

Por fim, se refere a um Inquérito Civil instaurado para investigar se que a empresa Nevro - de propriedade de médico seu esposo e contratada pelo Instituto Sócrates Guanaes (ISG), que administra o Hospital Regional de Registro (HRR) - teria recebido pagamentos sem prestar serviços. A deputada incorre em mais uma inverdade ao atribuir a denúncia a uma “vereadora do PT”, numa tentativa de desqualificar a denúncia, dando a ela um caráter “político”.   

Esclareço que não fiz essa denúncia. Mas busquei cópia do Inquérito para conhecer a denúncia que vem sendo atribuída mim. Fato é que consta no Inquérito que a denúncia foi apresentada por profissionais de saúde do Hospital Regional Leopoldo Bevilácqua – CONSAÚDE.

O que eu venho denunciando são os altos valores pagos pela Secretaria Estadual de Saúde para o ISG, antes mesmo do início do atendimento do HRR, em 2018, e da atuação em procedimentos de alta complexidade de profissionais médicos sem registro de especialidade médica, como preveem as Portarias do Ministério da Saúde e do CFM. Mas não tenho provas se o ISG pagou recursos às empresas contratadas como a Nevro, antes do início do funcionamento, com ora denunciada no MP/SP.

A deputada ainda falta com a verdade quando afirma que o médico, seu esposo, trabalha em todo o Brasil. Não que isto sirva para qualificar mais ou menos o profissional, mas a verdade é que desde 2007 atua apenas em Teresina (Piauí) e, a partir de 2018, também no Hospital Regional de Registro. 

E, por fim, se refere a equipe da Nevro que atua no HRR, como “brilhante”. Não posso avaliar. No entanto, constam que apenas 3 dentre os 6 profissionais médicos que prestam serviços de neurologia e neurocirurgia pela empresa no HRR tem títulos de especialidade nestas áreas registrados no CFM, conforme determina legislação.

Quantas inverdades cabem numa declaração de cerca de 1 minuto, veiculada em rede nacional. Mesmo que frequente nos tempos de hoje, não podemos nos acostumar. Não vamos nos calar!


Sandra Kennedy é assistente social e vereadora em Registro 


* O texto é de responsabilidade da autora e não representa necessariamente a opinião do Portal da Cidade Registro

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