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Eleições 2020:

Eleitor com deficiência visual ouvirá os nomes dos candidatos na urna

Para a idealizadora e alunos do projeto Enxergando o Futuro, a voz sintetizada trará mais autonomia na hora de exercer o direito ao voto

Publicado em 15/10/2020 às 21:26
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A partir deste ano, eleitores com deficiência visual poderão ouvir o nome do candidato escolhido na urna depois de digitar seu número. Isso será possível por meio de uma tecnologia que sintetiza voz e transforma texto em som.   

Valdilene Alves da Silva, 19 anos, de Várzea Grande (CE), vai exercer o seu direito ao voto pela primeira vez. A aluna do projeto social Enxergando o Futuro, voltado para o ensino gratuito e on-line de Braile às pessoas com deficiência visual, está ansiosa para conhecer o novo recurso. “É muito bom saber que a tecnologia está avançando para melhorar a vida das pessoas com deficiência visual”, comemora.

Nas eleições anteriores, os recursos disponíveis de voz eram mensagens gravadas que indicavam os números digitados, o cargo do candidato e instruções sobre as teclas Confirma, Corrige e Branco. Para ter acesso ao novo recurso, é necessário informar ao mesário sobre a deficiência visual para que ela faça a habilitação da urna e entregue fones de ouvido garantindo o sigilo do voto.

Outro eleitor e aluno do projeto que vivenciará essa experiência é Willian Antônio da Silva, 31 anos, de Mogi das Cruzes (SP). Para ele, a inclusão dos deficientes visuais no processo eleitoral já deveria ter avançado antes. “Mesmo assim, a voz sintetizada trará mais autonomia e ajudará bastante na hora do voto. Vamos testar essa novidade das urnas e escolher os nossos candidatos.”

Para a professora doutora da Unesp Bauru Suely Maciel, criadora do projeto universitário Biblioteca Falada que trabalha com tecnologia assistida para pessoas com deficiência visual, o novo recurso trará mais autonomia e privacidade. “As urnas tinham alguns mecanismos que foram ampliados e disponibilizados. Agora, colocará os eleitores com deficiência visual em condição de igualdade com os eleitores sem a deficiência.”

“Nós deficientes visuais conquistamos mais um pouco de autonomia. Eu mesma sempre tive muita dúvida na hora de votar”, conta a idealizadora do projeto Enxergando o Futuro. Para Daniela Reis Frontera, a partir de agora, o eleitor com deficiência visual terá como se certificar de que votou corretamente nos candidatos escolhidos. “É mais um passo para a nossa inclusão social. E tudo isso, proporcionado graças à tecnologia. Essa mesma tecnologia que leva as aulas do projeto Enxergando o Futuro para todo o Brasil.”

Sobre o projeto 

O projeto social Enxergando o Futuro foi criado pela empresária Daniela Reis Frontera que, aos 23 anos, foi diagnosticada com uma doença rara nos olhos. Diante sua dificuldade em encontrar um profissional ou uma instituição para aprender Braile, a iniciativa nasceu para levar a alfabetização ao alcance de todas as pessoas com deficiência visual ou baixa visão. Atualmente, Daniela tem 20% da visão.

As aulas do projeto começaram em novembro de 2019, na cidade de Duartina, com 10 alunos. Devido à pandemia e ao isolamento social para conter o novo coronavírus, o ensino migrou para uma plataforma on-line, o que gerou muita procura. O resultado foi o crescimento no número de alunos, atualmente mais de 100 de todo o Brasil.


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