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Doação na quarentena

Comunidades quilombolas do Vale doam 10 toneladas de alimentos à Brasilândia

Ao todo, 930 famílias do bairro paulistano receberam uma cesta de 10 quilos cada, cheia de verduras, legumes, frutas e doces tradicionais

Publicado em 05/07/2020 às 00:00
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Alimentos doados ao bairro Brasilândia em São Paulo (Foto: Alexandre Schneider/Instituto Brasil a Gosto)

O Vale do Ribeira, que tem 22 municípios e uma população de 340 mil pessoas, é considerada a região mais pobre e vulnerável do Estado de São Paulo.


Segundo o governo estadual, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita da área é de R$ 24,6 mil, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio é de 0,711. Como comparação, na capital o PIB por pessoa é de R$ 57,7 mil, e o IDH, de 0,805.


Em dos municípios do Vale do Ribeira é Eldorado, de onde as doações de alimentos das comunidades tradicionais, quilombolas e caiçaras, são reunidas para serem levadas a bairros pobres da capital paulista.


No último dia 20 de junho, a Vila Brasilândia recebeu 10 toneladas de alimentos produzidos por quilombolas e caiçaras.


A primeira leva abasteceu aldeias indígenas e vilas pobres do Vale do Ribeira, além do bairro do Capão Redondo, zona sul paulistana, onde 150 famílias receberam cestas com os produtos.


Já no último dia 20, cerca de 10 toneladas de alimentos chegaram à Vila Brasilândia, uma das maiores comunidades da capital. Até aquele dia, 20 de junho, o bairro havia registrado 277 mortes por covid-19, o segundo pior número entre os 96 distritos de São Paulo, perdendo apenas para Sapopemba (com 300 óbitos).


Ao todo, 930 famílias da Brasilândia receberam uma cesta de 10 quilos cada. Havia verduras, legumes, frutas e doces tradicionais.


"Os moradores estão precisando muito de doações, porque muita gente aqui perdeu o emprego na pandemia e não tem como se sustentar", diz Rodrigo Olegário, de 42 anos, líder comunitário do bairro e um dos responsáveis por distribuir as cestas.


"Até hoje a população está agradecendo, porque agora tem o que cozinhar em casa. E isso sem contar a questão afetiva, porque os moradores sabem que essas cestas vieram de pessoas como nós, pobres, negras e trabalhadoras", explica.


Para Rosana de Almeida, moradora do quilombo Nhunguara, a doação uniu duas demandas. "Foi ótimo porque, além de vender nossa produção, os alimentos foram entregues a famílias que precisam", diz, por telefone.


Já Tatiana Cardoso, do povoado caiçara Enseada da Baleia, explica que a solidariedade "deu sentido à pesca" dos moradores da Ilha do Cardoso. "Estamos isolados em uma ilha, mas vemos pela televisão o sofrimento das pessoas com a pandemia. Não estamos alheios a isso. Então, enche o nosso gás saber que estamos trabalhando para pessoas que são como nós e que estão em dificuldade", afirma.

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