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Meio Ambiente

Onça-parda monitorada ajuda a entender o comportamento da espécie no bioma

O Tikún poderá ser acompanhado pelas redes sociais do Legado das Águas

Publicado em 22/02/2021 às 01:57
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Tikún, como é chamado o macho de onça-parda, é acompanhado pelas câmeras de monitoramento do Onçafari no Legado das Águas

Pequenos passeios, parada para um descanso e até marcação de território. Esses são os flagras do Tikún, macho de onça-parda monitorado no Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, pelas câmeras do Onçafari, projeto dedicado ao estudo e conservação da vida selvagem. A instalação das câmeras faz parte da parceria entre Onçafari e o Legado das Águas, que visa realizar o levantamento populacional de onças-pardas e pintadas na Reserva, para ações de proteção desses felinos na Mata Atlântica.

Os registros do Tikún foram feitos na campanha (período de tempo entre a instalação da câmera e retirada para coleta das imagens) de outubro a dezembro de 2020 realizada pelo Onçafari no Legado das Águas, que também registrou, em números absolutos, mais de 1.500 animais, divididos em 30 espécies, entre mamíferos, aves, insetos, répteis e anfíbios. A quantidade de avistamentos pelas câmeras demonstra a efetividade da parceria e a qualidade da floresta do Legado das Águas como refúgio e abrigo seguro para as espécies animais.

Monitorar e diferenciar onças-pardas (Puma concolor) é uma tarefa desafiadora. Isso porque, diferentemente das onças-pintadas (Panthera onca) – que são identificadas por suas rosetas –, os pesquisadores individualizam as pardas por marcas físicas, como cicatrizes, por exemplo. A característica que permite que o Tikún seja acompanhado é uma fratura na ponta da cauda, o que deu origem ao seu nome, que significa “quebrado”, em tupi-guarani.

De acordo com Victória Pinheiro, bióloga do Onçafari responsável pelo projeto no Legado das Águas, as imagens mostram um animal adulto saudável. “Os vídeos mostram o Tikún descansando, passeando pela floresta e marcando território, que é quando espalham urina ou fezes para deixar o seu odor naquele espaço. Pelo porte físico também é possível dizer que a sua saúde está em dia”, diz.

Ao que tudo indica, o Tikún está gostando do momento de fama, já que foi registrado em quatro pontos distintos onde as câmeras estão instaladas. A frequência dos registros é essencial para fornecer informações importantes sobre a espécie, que é pouco estudada na Mata Atlântica. “É impossível dizer quando um animal será registrado novamente, ainda mais uma onça-parda, que ocupa um território amplo, percorrendo grandes distâncias, e não necessariamente os mesmos lugares. Mas os registros frequentes do Tikún podem fornecer informações importantes sobre a ocorrência da espécie e até mesmo do comportamento no bioma, já que os registros o mostram fazendo diferentes atividades. Esses são resultados bastante impressionantes, tanto pela frequência quanto pela quantidade”, completa a bióloga.

Características

Com exceção da cauda, o Tikún é como todos os outros indivíduos da sua espécie. A onça-parda é o segundo maior felino do Brasil, que pode ser encontrado em diversos biomas brasileiros, além do Canadá até a região meridional da cordilheira do Andes. Porém, mesmo com a ampla distribuição, é ameaçada de extinção em algumas localidades.

É uma espécie “topo de cadeia” e “bioindicadora”, isso significa que as florestas em que elas estão presentes são ambientes saudáveis, abrigando animais e vegetais que são essenciais para o bom funcionamento dos ecossistemas que produzem água, regulam o clima e protegem o solo.

As onças-pardas também têm duas características bem interessantes: diferentemente dos outros grandes felinos, como a onça-pintada, elas não esturram ou rugem. Sua vocalização (som que produz para se comunicar) é similar a um miado. Além disso, suas patas traseiras são proporcionalmente as maiores entre os felinos, o que as fazem ser ágeis, possibilitando pulos mais altos e uma habilidade extrema para subir em árvores.

Uma informação importante a ser frisada é que esse animal tem medo da presença humana. “Não somos vistos como presas. A maioria dos animais que fazem parte da cadeia alimentar das onças-pardas têm olhos na lateral do crânio e utilizam as quatro patas para se locomover, ou seja, muito diferente de nós. Essas características, entre outros fatores, fazem com que elas tenham medo de nós. Ataques a humanos, sejam de onças-pardas ou pintadas, são extremamente raros. O animal precisa ser submetido a uma situação de muito estresse, quando se sente acuado”, esclarece Victória.

O Tikún poderá ser acompanhado pelas redes sociais do Legado das Águas, basta buscar @legadodasaguas no Facebook ou Instagram.


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