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Vulnerabilidade

Comunidades quilombolas têm mais de três mil casos de Covid-19 e 138 óbitos

A crise do coronavírus paralisou as atividades econômicas dos quilombos, já que muitas comunidades trabalham com turismo, artesanato e agricultura

Publicado em 02/08/2020 às 01:00
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Entre os quilombolas que vivem nas cerca de seis mil comunidades identificadas, já há confirmação de 3.467 casos da Covid-19 e 138 mortes em decorrência do coronavírus. Os dados são do Observatório da Covid-19 nos Quilombos, da CONAQ – a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, em parceria com o Instituto Socioambiental. Para Biko Rodrigues, Coordenador-executivo da CONAQ, com o avanço dos casos no interior do Brasil a situação tende a se agravar.

Rejane de Oliveira mora no quilombo de Maria Joaquina, área rural do município de Cabo Frio, no Rio de Janeiro. Ela, as filhas e o pai foram infectados. Rejane perdeu a avó para a Covid-19. a Dona Uia, considerada uma das mais importantes figuras quilombolas do estado. Ela relata a dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Segundo Rejane, das 400 pessoas que vivem na comunidade, 35 tiveram sintomas da Covid-19, mas apenas seis conseguiram fazer o teste.

Para o coordenador-executivo da CONAQ, Biko Rodrigues, a pandemia escancarou a falta de acesso das comunidades quilombolas às políticas públicas. O quilombo Maria Joaquina ainda não é regularizado. Segundo Rejane, após a pandemia a comunidade se sente ainda mais vulnerável.

A crise do coronavírus paralisou as atividades econômicas dos quilombos, já que muitas comunidades trabalham com turismo, artesanato e agricultura e perderam a fonte de renda e com isso precisaram recorrer ao auxilio emergencial. Mas Biko destaque que o que parece comum, como um celular, é uma realidade distante para muitos quilombolas.

A Coordenação Nacional das Comunidades Rurais Quilombolas tenta derrubar, no Congresso Nacional, os vetos do presidente Jair Bolsonaro ao projeto de lei que estabelece ações para combater o avanço da Covid-19 entre indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais.

Segundo o coordenador executivo da Conaq, entre os temas priorizados, que devem retornar ao texto da lei, está o que prevê medidas como a visita de equipes multiprofissionais de saúde treinadas para enfrentamento do novo coronavírus.

O Ministério de Direito Humanos informou que está efetivando as ações para quilombolas por meio do Plano de Contingência para Pessoas Vulneráveis. O plano já distribuiu 289 mil cestas básicas a comunidades e povos tradicionais.

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