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Monumentos do centro histórico de Iguape (SP) são entregues à população

As obras foram entregues na manhã deste sábado (29), com a presença da presidente do Iphan, Larissa Peixoto, e do ministro do Turismo, Gilson Machado

Publicado em 29/05/2021 às 04:39
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Nas edificações históricas do município de Iguape, no interior de São Paulo (SP), está estampada a herança cultural de três países: Japão, Portugal e Brasil. Ponto de acolhimento da imigração nipônica no começo do século XX, as ruas do centro histórico ajudam a contar a história da formação do povo brasileiro.

Para valorizar o Patrimônio Cultural iguapense, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) - autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo e à Secretaria Especial de Cultura – restaurou duas edificações icônicas do município: o Sobrado dos Toledos e o Paço Municipal. Após investir aproximadamente R$ 11 milhões nas intervenções com recursos do Programa de Preservação de Cidades Históricas, os monumentos são devolvidos à população inteiramente revitalizados.

As obras foram entregues na manhã deste sábado (29), com a presença da presidente do Iphan, Larissa Peixoto, e do ministro do Turismo, Gilson Machado.

As obras restabeleceram a infraestrutura dos espaços, que estavam com a conservação bastante comprometida. O centro histórico de Iguape é o primeiro conjunto urbano do Estado de São Paulo a ser protegido pelo Iphan, como Paisagem Cultural. O tombamento ocorreu em 2011, com a inscrição em dois Livros do Tombo: o Histórico e o Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.

O sobrado que abriga o Paço Municipal foi construído na segunda metade do século XIX, pelo comendador Luis Álvares da Silva, homem mais rico e influente da região à época. Posteriormente, o prédio passou a sediar o Club Beneficente e Recreativo Iguapense e a Câmara Municipal, vindo a ser adquirido pela Prefeitura em 1945. Desde então, passou a funcionar como Paço Municipal.

Durante as obras foram descobertos achados arqueológicos no local. Moedas do fim do império, tinteiro de grés, fragmento de escova de dente confeccionada em osso, cachimbos, variados fragmentos de porcelana e cerâmica, além de um brinco de prata são alguns dos objetos encontrados. As peças retratam o período de ocupação intensa que marcou o auge econômico da cidade e refletem mudanças do pensamento e comportamento social.

Já o Sobrado dos Toledos leva esse nome por ter sido residência de outro cidadão importante da região, José Carlos de Toledo. Único exemplar da arquitetura neoclássica de Iguape, encontrava-se em ruínas antes das intervenções. Construído na primeira metade do século XIX, durante o ciclo do arroz, o prédio foi doado pelos herdeiros, em 1931, ao Santuário de Iguape para que abrigasse romeiros pobres durante as festividades do Bom Jesus, época em que o edifício ficou conhecido como Sobrado do Santo. Depois disso, o prédio sediou diversos empreendimentos, como clubes, bares, associações e até um cine teatro.

As duas intervenções se somam à restauração da Antiga Casa de Fundição, concluída em dezembro de 2015, com recursos de R$ 837 mil do Programa de Preservação de Cidades Históricas. O programa está presente em 44 cidades brasileiras, sendo três delas no Estado de São Paulo: Iguape, Santo André e São Luiz do Paraitinga – incluindo 16 ações e uma previsão de investimentos de R$ 54,7 milhões.

Iguape (SP)

O conjunto histórico e paisagístico de Iguape apresenta diversas características formais do urbanismo português, como a localização e escolha do sítio e sua relação com o território, elementos estruturantes do traçado urbano, as estruturas de quarteirão e loteamento, além do papel importante das praças. Os bens tombados, no município, também representam o esforço do imigrante japonês em seu processo de adaptação ao território nacional, como ocorreu em Registro (distrito de Iguape).

Sua arquitetura é uma mistura das técnicas construtivas brasileiras e orientais, e testemunho da origem, trajetória de vida, e trabalho do imigrante japonês, encontrados no Vale do Ribeira. As edificações (casas e sobrados de pedra e cal) remontam ao período da exploração aurífera no século XVI, das atividades ligadas à construção naval a partir de meados do século XVIII, da cultura de arroz (século XIX) e do chá (século XX), diretamente vinculadas à imigração japonesa para a região.

Iguape sofreu poucas alterações até ao início do século XX e possui o maior casario colonial preservado do Estado de São Paulo, com diversas casas, casarões e igrejas em vielas estreitas de paralelepípedos. Além do centro, também estão protegidos o antigo sistema portuário fluvial e marítimo, e diversas áreas da zona rural de Registro, marcos da imigração japonesa no Brasil.


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