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15 milhões devem voltar à pobreza com fim do auxílio emergencial

Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), com a extinção do benefício, a pobreza vai se agravar no começo de 2021

Publicado em 10/10/2020 às 21:00
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Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 15 milhões de pessoas vão voltar para a pobreza com o fim do pagamento do auxílio emergencial, em 31 de dezembro de 2020.

A população pobre no Brasil caiu 23,7% de 2019 a agosto deste ano, segundo estudo da FGV Social. O percentual representa 15 milhões de pessoas. O resultado está diretamente ligado ao auxílio emergencial, que foi concedido pelo governo federal para diminuir os efeitos da crise econômica causada pela pandemia de Covid-19.

Segundo o coordenador do estudo, o economista Marcelo Neri, “O retorno à pobreza dessas 15 milhões de pessoas é um cenário até conservador. O Brasil foi o país da América Latina que mais concedeu auxílio proporcionalmente ao seu PIB [Produto Interno Bruto], mas não era o que estava em melhores condições“, disse. 

A explicação para a redução na pobreza está relacionada com o valor do auxílio. A faixa mais pobre da população recebe até 1/2 salário mínimo por pessoa. Essa quantia é inferior aos R$ 600 concedidos pelo governo em cada uma das 5 de 9 parcelas do benefício. As outras 4 parcelas são no valor de R$ 300.

“O país teve generosidade, mas não sei se teve sabedoria. Vamos saber daqui a 1 ano“, disse Neri. “Há a retomada no mercado de trabalho, mas com muitas incertezas para o próximo ano. Não se sabe quando sai a vacina ou qual seria o impacto de uma 2ª onda de covid-19.“

O Rio Grande do Sul foi o único Estado que registrou aumento nos números da população pobre. Teve alta de 0,45%. Segundo Neri, o fato não é preocupante.

“Lá a pobreza aumentou pouco. É 1 lugar que fez alguns ajustes, como na previdência, e está fazendo outros. É o 2º estado em número de idosos, perdendo apenas para o Rio de Janeiro. O auxílio emergencial está pouco presente no Rio Grande do Sul, assim como na região Sudeste“, afirmou.

Segundo o levantamento, as maiores reduções foram no Nordeste (-30,4%) e no Norte (-27,5%). A população dessas regiões está entre as que mais dependem de auxílios federais para sobreviver. Em agosto, por exemplo, o número de beneficiários do Bolsa Família superou o de empregos com carteira assinada (o que exclui setor público) em 10 Estados das regiões Norte e Nordeste.

Só 3 Estados na região Norte (Tocantins, Rondônia e Roraima) e 3 no Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco) registram mais empregos formais com carteira que benefícios no programa.

“Nove meses de auxílio correspondem a 9 anos de Bolsa Família. Agora virá o Renda Cidadã, mas não sabemos ainda em que patamares”, disse Neri, se referindo ao programa que o governo de Jair Bolsonaro estuda para substituir o Bolsa Família e o auxílio emergencial. O valor do programa, no entanto, não foi definido.

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