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Meio Ambiente

Legado das Águas tem quase 2 mil espécies da fauna e flora da Mata Atlântica

O Legado das Águas, a maior reserva privada de Mata Atlântica do país, destaca a importância da produção científica sobre esse bioma

Publicado em 10/07/2021 às 08:42
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A maior reserva privada do bioma no país atua como polo de estudos e já identificou 1.765 espécies de fauna e flora em seu território.

O potencial científico oferecido pela biodiversidade da Mata Atlântica ainda é pouco explorado e representa enormes oportunidades.

Na semana em que foi comemorado o “Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico”, 8 de julho, o Legado das Águas, a maior reserva privada de Mata Atlântica do país, destaca a importância da produção científica sobre esse bioma, que, apesar de sua imensa biodiversidade, ainda é pouco estudado.

“Nossa proposta é, não apenas aproveitar o imenso potencial de diversidade de flora e fauna do território da Reserva para desenvolver pesquisas científicas, como também transformar pesquisa científica em oportunidades de negócios da nova economia”, afirma David Canassa, diretor da Reservas Votorantim.

O Legado, localizado no Vale do Ribeira, tem 31 mil hectares e foi fundado em 2012 pelas empresas CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), Nexa, Votorantim Cimentos e Votorantim Energia. É administrado pela Reservas Votorantim LTDA e mantido pela Votorantim SA. Desde sua criação, a reserva vem transformando essa grande área conservada em um polo de pesquisas científicas; de desenvolvimento de projetos de valorização do meio ambiente e da biodiversidade; e de realização de atividades da nova economia.

As pesquisas e o monitoramento de fauna e flora realizados nos nove anos de existência do Legado das Águas registram 1.765 espécies na área. Desse total, 809 são espécies animais, sendo que 38 delas têm algum grau de ameaça (os graus de ameaça das espécies são: “vulnerável”, “em perigo”, “criticamente em perigo” ou “extinta na natureza”). O número inclui 296 espécies de aves catalogadas, o que representa 40% de toda a avifauna do Estado de São Paulo. Além disso, há 70 espécies de mamíferos, 67 de anfíbios e répteis e 54 de peixes. Por fim, soma-se à lista um número supreendente de espécies de borboletas: 322. Entre as espécies de borboletas registradas no Legado, está a Godartiana byses, que jamais havia sido registrada no Estado de São Paulo.

Já na flora, foram identificadas 956 espécies, sendo que 22 delas enfrentam algum grau de ameaça. Destaca-se o considerável número de orquídeas: 233. O Legado realizou um trabalho de recuperação de orquídeas, em parceria com o pesquisador Luciano Zandoná. O projeto foi baseado no resgate de orquídeas consideradas espécies raras que caem naturalmente das árvores e morreriam se permanecessem no chão da floresta. Após resgatadas, as plantas eram direcionadas ao orquidário, local onde recebiam o tratamento necessário até serem realocadas em árvores ao longo das trilhas da Reserva.

O Legado representa uma oportunidade espetacular de desenvolvimento de novos produtos a partir do DNA das espécies encontradas na área. Em pareceria com Mauro Rebelo, professor adjunto do Instituto de Biofísica da UFRJ e chefe do Laboratório de Biologia Molecular Ambiental, a Reserva desenvolveu um trabalho de sequenciamento do DNA de 57 plantas nativas. Com isso, foi possível montar o maior banco de dados digital da Mata Atlântica. Esse é um exemplo de trabalho pioneiro e promissor de pesquisa aplicada, sendo que um dos principais objetivos da pesquisa é buscar proteínas que possam ter interesse comercial para serem aplicadas na indústria farmacêutica e de cosméticos, entre outras.

Desde 2018, o Legado desenvolve ainda um estudo sobre zoonozes (enfermidades transmitidas à espécie humana por espécies animais, e vice-versa).

Em 2016 o Legado deu início, em parceria com o Instituto Manacá, a um projeto de conservação das antas no Vale do Ribeira, o qual se desdodobrou no atual Programa de Monitoramento de Fauna da reserva. O objetivo foi elaborar um protocolo de monitoramento da área e colaborar com a execução das metas de um Plano de Ação para a Conservação da Anta. As pequisas no Legado levaram à descoberta da existência, no território, de antas albinas, raríssimas. “Hoje recebemos turistas motivados pela presença desses animais que se tornaram muito queridos pela população das cidades do entorno”, comenta David Canassa.

Em outra frente de atuação, desde outubro de 2020 o Legado desenvolve uma parceria com o Onçafari, criado para estudo e conservação da vida selvagem, para monitoramento e conservação de grandes felinos no bioma atlântico. O projeto utiliza câmeras de monitoramento, que estão realizando o levantamento populacional de onças-pardas e pintadas para ações de proteção desses felinos, sendo a última espécie criticamente ameaçada de extinção na Mata Atlântica. A iniciativa faz parte do Onçafari Science, braço de ciência do projeto, que tem como objetivo observar o comportamento dos animais, avaliar constantemente seu estado de saúde, e desenvolver pesquisas em ecologia e fisiologia, aumentando o conhecimento científico sobre as espécies para potencializar sua proteção.

Em parceria com o Instituto Pró-Muriqui, o Legado realizou ainda um importante estudo para conservação dos macacos muriquis, os maiores primatas não humanos das Américas, considerados “jardineiros da floresta” por serem importantes dispersores de sementes. Vítimas de caça desde a década de 1960, as duas espécies, muriquis-do-sul (Brachyteles arachnoides) e muriquis-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), estão criticamente em perigo de extinção.​ Durante 6 anos, o Projeto Muriquis do Legado das Águas registrou e monitorou o terceiro maior grupo populacional de Muriquis-do-sul do mundo. Este estudo reservou ao Legado das Águas o título de área prioritária global para conservação dessa espécie

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