Aceitei o desafio quando fui convidada a escrever no Portal da Cidade, tal como outras lideranças de Registro. Embora tenha total clareza sobre os reflexos da conjuntura nacional e estadual sobre a nossa realidade local, vou me dedicar a dialogar com você, leitor, sobre nosso município ou nossa região.
Em 2020, completo 20 anos de participação na vida pública e política em Registro e no Vale do Ribeira. Já fui candidata à Prefeitura Municipal, à deputada estadual e a vereadora. Tive a oportunidade de exercer o cargo de prefeita e atualmente, sou vereadora, por isso quero aproveitar o convite para compartilhar e refletir sobre a nossa luta e história.
Sempre entendi a política como uma ferramenta que pode ser utilizada para melhorar a vida do povo. E foi com este sentido, muito influenciada pela minha formação cristã de participação na pastoral da juventude ou nos grupos de fé e política e depois com minha formação profissional como assistente social e especialista em Saúde Pública que percebi que deveria buscar contribuir para o desenvolvimento de minha cidade para que houvesse mais qualidade de vida e “pão na mesa”, como sinônimo de emprego e renda, para todos.
Este entendimento da Política na visão mesmo de Aristóteles, filósofo grego, que define que a política como a preocupação com a felicidade coletiva, que me deu sustentação para conciliar minha participação na política e a minha vida pessoal e familiar.
Neste primeiro artigo, quero refletir sobre a última década da administração da Prefeitura de Registro. Penso que nesse período podemos concluir com clareza que podemos ter dois tipos de administração. A primeira voltada ao interesse público da maioria da população e de quem precisa do serviço público e o segundo modelo voltado aos interesses privados, dos privilegiados, daqueles que entendem o poder público como um escritório de negócios dos seus interesses particulares.
Creio e defendo, que o prefeito ou prefeita da cidade deve se orientar pelo desejo coletivo da maioria e do bem comum. Esse é o fundamento maior da Política. Assim mesmo, com “Pê” maiúsculo.
Defendo que o governo municipal deve fomentar o desenvolvimento local. Atuamos assim ao criarmos uma inovadora e arrojada lei municipal de incentivo fiscal que nos permitiu ganhar a disputa pela instalação do centro de distribuição do Boticário, gerando mais de 500 empregos diretos. Atuamos assim ao criarmos a parceria para instalar a Escola de Eletricista da Elektro onde os alunos (e alunas) saíram já empregados na empresa, ou quando fomentamos a economia solidária, ou quando comprávamos do agricultor familiar de Registro para a alimentação escolar gerando empregos no campo e qualidade de alimentação na mesa dos alunos.
Defendo um governo que implante projetos estruturantes para garantir o desenvolvimento sustentável e foi com base nisto que traçamos como objetivo maior a educação transformando Registro num Polo de Educação Técnica e Tecnológica com o Instituto Federal, SENAC, SENAI, SESI, se somando a UNESP que já estava instalada e as instituições privadas.
Somente um governo voltado para os interesse de alguns privilegiados, pode na renovação do contrato com a SABESP, trocar saneamento para todos (água e esgoto), como era a exigência do meu governo, por dinheiro para fazer asfalto, como de fato aconteceu.
Um governo voltado para os interesses pessoais e não da maioria, pouco se importa com vagas em creches, por exemplo. No nosso governo em apenas 4 anos saltamos de 500 para 1180 vagas e, durante 8 anos, este governo criou menos de 150 novas vagas.
Um governo voltado para os interesses particulares e aos negócios privados não se importa com moradia popular, mas com a valorização do patrimônio particular. Somente depois de 8 anos os tucanos no poder conseguem um contrato novo (260 moradias do CDHU), e que ainda serão construídas. Quando nosso governo popular conseguimos entregar ou deixar asseguradas mais de 1400 moradias em apenas 4 anos.
Sim, o compromisso com os bairros efetivamente não está na agenda do governo tucano. Depois de 8 anos sequer concluiu obras que meu governo deixou em andamento - ou com recursos assegurados - como o Parque Ecoturístico do Arapongal, a UBS do Capinzal e a conclusão da reforma do Mercado Municipal.
Enquanto revigoramos a Praça dos Expedicionários, o atual governo desprezou e destruiu.. Enquanto criamos a lei que concede o aluguel social ou duplicamos as vagas em frente de trabalho Fantin deixou excluir mais de 1100 crianças do Programa Viva Leite ao mudar os locais de distribuição.
Em 2020, podemos concluir que Registro está completando a marca de 8 anos perdidos no que se refere a administração pública e no que se refere ao desenvolvimento local. Podemos concluir que a cidade de Registro e a vida da maioria do seu povo pioraram. Andamos para trás.
Lamentamos o tempo perdido. Mas todo dia, e sempre, é hora de recomeçar e lutar para recuperar o que foi destruído. Por isso, nos tempos atuais e sombrios, sob a violência e a intolerância, onde a nossa democracia e liberdade de expressão estão sendo atacadas todos os dias creio que é fundamental refletir e dialogar sobre os problemas concretos da nossa vida. É sempre tempo de reconstruir e seguir adiante em busca de melhores dias para nossa cidade e nossa gente.
